Pombo correio morto

(Laís Moura)

Andei sumida em seus braços. Da primeira vez que me aconcheguei nestes entendi, de súbito, o que se passa na mente desses homens vadios que não se apegam nem a eles mesmos.
Bateu um vazio, e uma saudade de dizer aquelas coisas que nunca te disse.
Lembro-me bem daquele quintal abandonado, tocando uma trilha sonora ao fundo como se, do chão, surgisse vida. Um pouquinho de bossa-nova e rock'n'roll.
Escuta, querido, escuta os passos das pessoas. Não teu celular.
Você sorri e me segura, como se desmaiasse a cada centímetro de pele minha longe da sua. O que te dói mais, entretanto, é a artificialidade dos pássaros que cantam ao redor, por que não cantam para você.
Cantam para mim.
E choras escondido, me beija no rosto, diz que está tudo bem.
Me pergunto o que diria se soubesse que ando escrevendo para você...
... E topei num poste. Pow. Criei galo na testa, e desde então ando ciscando por aí.
Acredita: É bem melhor não seguir minhas pegadas.
Não sei para aonde estas te levariam.

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