Três palavrinhas

(Laís Moura)

- E, se eu te disesse que ando o tempo todo pensando em você? Ah, eu sei, eu sei que você sabe disso. Você mal retorna minhas ligações! Pelo amor de Deus, Claire, retorne minhas ligações da próxima vez. Eu precisei te seguir! Te seguir, esperar você sair de casa para você me dar atenção! Por quê, Calire? Acha certo fazer isso com um coração humano? Jogar ele de lá para cá nesse relento? Sei que sabes como é, flor, ficar noites sem dormir por uma paixão que por algum motivo está distante. Assim sou eu, Claire. Nem sei como consigo passar de ano, nem sei como consigo mostrar que tá tudo bem - aliás, não consigo mostrar. Tá todo mundo preocupado comigo. Claire, você foi a única, a única em todo esse mundo que me mostrou amor, minha primeira namorada. Minha primeira, que eu comecei jovem, aos 18 anos. Não me deixe assim, Claire, por favor, não me olhe com essa cara. Tenho tanta coisa a lhe dizer e, ao mesmo tempo, nada... Vejo você dentro da multidão, vejo você nos sorrisos, nas promessas, nos meus sonhos curtos. Se te deixei, Claire, não foi por que eu quis, mas por que meu futuro me arrancou dessa cidade. Você não entendeu isso, Claire, sei que não entendeu, e por isso estou aqui para que você entenda. Ando sem fôlego, a tua espera, nesses três meses de retorno à nossa cidade, nosso cantinho. Seu cheiro ainda impregna meu travesseiro, meu lençol, nem lavei. Perdi a sanidade, me entreguei à loucura rival por amor. Tudo que fiz e faço é por amor, e te juro que sei o que é bem isso. Por favor, abre teus braços e me chama de seu. Sinto falta do seu sorriso repuxado, do jeito que você coçava seu pé esquerdo pela alergia - ora essa, quem mais teria alergia em um único pé? - e do jeito engraçado que amarrava o cabelo. Sinto falta de correr meus dedos por ele, e você, tão fria! Como pode ser tão gelada, Claire? Pensava que estaria ainda a minha espera, que me acolheria em seu colo. Por que não me avisou quando tudo mudou? Precisava me ignorar para isso? Eu sei, você disse que estava mentindo há algum tempo, mas como podia mentir tão bem? COMO? E ainda assim, vejo que sofre, que sente minha falta, consigo ler sua mente. Mas como consegue ser tão fria? Agir com tanta naturalidade? Fale as três palavrinhas, e desculpe o exagero que possa parecer, mas você sabe, eu fiz letras.
 Pensei, pensei olhando bem nos olhos dele. E então disse as três palavrinhas:
 - Eu fiz teatro.
 E fui embora rápido, largando um homem trêmulo antes que ele percebesse a mulher trêmula que exigia de volta.

Comentários

Anônimo disse…
aff vei pensei que so teria tres palavras rsrs. brinks lai vc escreve muito seu blog estar de parabens
Obrigada yuri :D espero que você goste dos outros assim como gostou desse, um beijo
Laís

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