Sem cor
(Lais Moura)
Veja, já não há mais a cor de seus olhos no céu. Há quem diga que bonito é céu "limpo", onde só há aquele azul tão intenso que transforma qualquer um em cego.
Verguei a coluna. Ando inclinada, como se a dor de seus olhos sem vida me fizesse curvar diante da verdade. Não foi você que me disse que a mentira era uma festa de casamento...? Foi, e me olhou desse jeito que forma nuvens. O céu tá sem nuvens. Amanhã, nós dois (eu e o céu) vamos acordar aos prantos.
Sinto raiva daqueles que não te conheceram. Pagam suas contas, andam com o cachorro, e acham esse estúpido céu azul muito lindo. E eu continuo com essa sensação de que as coisas vão continuar assim, mortas para sempre. Cravei seu nome em árvores na vã esperança de dar frutos: Veio o homem e fez guarda-roupa. Guardar o quê? Cheiro de sangue, de terra infértil, de seu nome morto? E de onde começa essa vertigem, do dia que seus pés tropeçaram e não se ergueram ou do dia que saíras do ventre de sua mãe?
Pobre mulher. Não sabia o que estava fazendo. A vida toda se gabando por ter um filho como você, e puxaram o tapete dela. Quanto a mim, puxaram o chão. Quando te vi mergulhado em flores, vomitei pólen. Todo mundo muito triste, ninguém me tirou de lá. Arranquei-te com força, e desde então minha coluna nunca mais foi a mesma, e as nuvens nunca mais apareceram como seus olhos.
O céu, como eu, está de luto. E há quem goste dele assim...
Veja, já não há mais a cor de seus olhos no céu. Há quem diga que bonito é céu "limpo", onde só há aquele azul tão intenso que transforma qualquer um em cego.
Verguei a coluna. Ando inclinada, como se a dor de seus olhos sem vida me fizesse curvar diante da verdade. Não foi você que me disse que a mentira era uma festa de casamento...? Foi, e me olhou desse jeito que forma nuvens. O céu tá sem nuvens. Amanhã, nós dois (eu e o céu) vamos acordar aos prantos.
Sinto raiva daqueles que não te conheceram. Pagam suas contas, andam com o cachorro, e acham esse estúpido céu azul muito lindo. E eu continuo com essa sensação de que as coisas vão continuar assim, mortas para sempre. Cravei seu nome em árvores na vã esperança de dar frutos: Veio o homem e fez guarda-roupa. Guardar o quê? Cheiro de sangue, de terra infértil, de seu nome morto? E de onde começa essa vertigem, do dia que seus pés tropeçaram e não se ergueram ou do dia que saíras do ventre de sua mãe?
Pobre mulher. Não sabia o que estava fazendo. A vida toda se gabando por ter um filho como você, e puxaram o tapete dela. Quanto a mim, puxaram o chão. Quando te vi mergulhado em flores, vomitei pólen. Todo mundo muito triste, ninguém me tirou de lá. Arranquei-te com força, e desde então minha coluna nunca mais foi a mesma, e as nuvens nunca mais apareceram como seus olhos.
O céu, como eu, está de luto. E há quem goste dele assim...
Comentários