Brevidade

(Lais Moura)

Vou contar uma história mais velha do que a dança e o próprio amor.
A história começa num relâmpago de segundos, quando a menina desce a Ladeira do Amendoim com um urso desgastado debaixo do braço. (Nem preciso falar que o nome do urso era Teddy). Ela, com um pirulito na boca, acha que está adulta demais para descer pro play com as vizinhas.
Quando termina o quarteirão e cruza a direita, um adolescente diz:
- Oi, baby. Você não retornou meus telefonemas.
Ela sorri:
- Sai do meu caminho.
E, continuando a andar, ajeita os livros que carrega debaixo do braço se perguntando por quê o peso deles fazem a trajetória soar muito mais infinita.
Chegando ao fim do quarteirão, abre a bolsa que carrega debaixo do braço e liga para o seu noivo. Fala que vai se atrasar por causa do trânsito. Entra no carro, mas percebendo que tinha algo de errado com ele, leva-o ao posto de gasolina mais próximo. Em que ponto a cidade começou a ficar tão barulhenta?, pensa.  Enquanto o carro está sendo analisado, ela entra na loja de conveniência e ouve uma menininha dizer:
- Vó, vó, compra sorvete?
Ela sorri, e após efetuar a compra tenta abrir a porta de vidro; Mas antes de efetuar a ação sua neta diz:
- Deixa que eu faço isso, vó. Você quer ir para a casa agora?
- Por favor, minha linda.
- O.k., eu te dou uma carona.
Quando chega em casa, deita a cabeça na cadeira de balançar. Percebe, antes que essa história acabe, que os quarteirões chegaram ao fim.


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