Aquilo que todos já viram

(Laís Moura)

Ela já esteve num navio que naufragou
Ela já estendeu os braços para quem nunca abraçou
Ela já atravessou os sete mares
Ela já conversou em todos os cantos da cidade
Ela conheceu Ele

Ele nunca saiu do seu estado
Ele nunca vestiu farrapos
Ele nunca foi muito educado
Ele nunca passava menos tempo calado
Ele conheceu A Outra

A Outra anda como quem não quer nada
A Outra está nos lugares mais impróprios
A Outra é extravagante, expontânea e sem rima
A Outra sempre causa desordem

De uma forma estranha ambos se completam
Seja em claustrofobia ou repugnância
É uma pena como eles perfeitamente se encaixam
Nesse mundo consumista de ânsia
Sem Ela Ele não existiria, sem Ele A Outra não existiria, sem A Outra essa história não existiria; E assim damos existências para três figuras deploráveis.

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