O que não paramos para pensar

(Laís Moura)

Espiei pela janela. Espiei mesmo, sendo a lei proibindo ou não tal alto. Num dia desses por aí, vagante nessa coisa quente gelando minha cabeça chamado condomínio, pus-me a espiar. Grande coisa. Não me vi pequena por isso. E os automóveis, para que servem? Para atropelar as pessoas, mas não só para isso - para espiar os motoristas também. Parei para espiá-los, todos com cara de paisagem. Todos com feições contrárias à função dos automóveis - uma cara de vontade de não ir à lugar nenhum. Num desses vi meu ex piar, piava parecendo um passarinho de tédio. Ex-amigo, toda vida foi que nem eu - espião. Fingiu que não me viu, e quando virei as costas me espiou - quando começamos, temos que nos policiar a sempre sermos discretos, você que é adorável e não faz questão mesmo - sem nem remorso. Espiava meu ex, minha eterna piada. Abandonou-me por que cansou de ser graça - quis rir.
Nunca aprendeu a lição. Viver é nunca, NUNCA, estar completamente são.

Comentários

Bruno Carvalho disse…
Laís, vim retribuir a visita :D

Gostei muito desse texto, achei simples e denso, como todas as coisas realmente importantes da vida.
Sucesso pra vocês duas!

Ps: adicionei vcs no facebook, pra mantermos contato, ok?

Seu,
Bruno Carvalho
Oi Bruuno! Que boom que gostou, sucesso para você também! Já acc você lá, um beeijo!

Laís Moura

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