Esquizofrenia ou fuga
(Laís Moura)
Ele era um garoto explorador, e sempre voltava para a casa sujo de lama e faminto.
- Deita fi, que nós não cosegui nada. Deita que o estômago aquieta.
Ele obedeceu e entrou em seu escondereijo secreto - uma caixa de papelão esburaca. Dava para ver a lua, que se mostrava através dos buraquinhos. Lá dentro da caixa cabia o menino, a lua e a fome, e sabe Deus como a tristeza também. Ouviu sua mãe chamar:
- Sai de dentro dessa coisa e vem cá!
Ele não queria ir. Queria ficar dentro daquela caixa para sempre, mergulhado em coisa nenhuma, pensando em merda nenhuma e comendo alguma merda. Papelão às vezes quebrava o galho. A tristeza abraçou O garoto e disse:
- Vai lá, querido. Obedeça sua mãe.
- Num vô. Num tô afim.
- Ela tem um presente para você. Aqueles que significam tanto que quase mostram o futuro.
Contrariado ele se levantou, tropeçando nos paralalepípedos. Sua mãe estendeu para ele um pedaço de espelho, e ao pousar os olhos nele viu um menino com rosto de caveira e preguiçoso.
- Isso é um presente, mãe?
- Tanto faz. Crava naquele muleque que te persegue se ele se aproximar de novo.
- E se ele morrer mãe?
- Qual pobrema?
- Sei lá...
E saiu, entrando de novo na sua caixa.
- Cê num disse que ia mostrar meu futuro, tristeza? Não disse? Cadê?
-...
- Ficou calada agora, hein? Gato comeu língua?
- Cale-se, inútil. - Disse a Tristeza, se encostando o máximo que podia da caixa para não encostar nele. - Quantas vezes te disse que não falo enquanto ela estiver aqui também?
O menino olhou para o lado: A raiva lhe sorria.
Ele era um garoto explorador, e sempre voltava para a casa sujo de lama e faminto.
- Deita fi, que nós não cosegui nada. Deita que o estômago aquieta.
Ele obedeceu e entrou em seu escondereijo secreto - uma caixa de papelão esburaca. Dava para ver a lua, que se mostrava através dos buraquinhos. Lá dentro da caixa cabia o menino, a lua e a fome, e sabe Deus como a tristeza também. Ouviu sua mãe chamar:
- Sai de dentro dessa coisa e vem cá!
Ele não queria ir. Queria ficar dentro daquela caixa para sempre, mergulhado em coisa nenhuma, pensando em merda nenhuma e comendo alguma merda. Papelão às vezes quebrava o galho. A tristeza abraçou O garoto e disse:
- Vai lá, querido. Obedeça sua mãe.
- Num vô. Num tô afim.
- Ela tem um presente para você. Aqueles que significam tanto que quase mostram o futuro.
Contrariado ele se levantou, tropeçando nos paralalepípedos. Sua mãe estendeu para ele um pedaço de espelho, e ao pousar os olhos nele viu um menino com rosto de caveira e preguiçoso.
- Isso é um presente, mãe?
- Tanto faz. Crava naquele muleque que te persegue se ele se aproximar de novo.
- E se ele morrer mãe?
- Qual pobrema?
- Sei lá...
E saiu, entrando de novo na sua caixa.
- Cê num disse que ia mostrar meu futuro, tristeza? Não disse? Cadê?
-...
- Ficou calada agora, hein? Gato comeu língua?
- Cale-se, inútil. - Disse a Tristeza, se encostando o máximo que podia da caixa para não encostar nele. - Quantas vezes te disse que não falo enquanto ela estiver aqui também?
O menino olhou para o lado: A raiva lhe sorria.
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