Diagnóstico
(Laís Moura)
Foi a primeira coisa que pensei, exatamente aquelas frases clichês que todo mundo repugna mas sempre pensa nas horas contraditórias. A minha foi “O mundo dá voltas”. Era pôr-do-sol, aquela coisa laranja praticamente me cegando. Exatamente como você fez.
Essa lembrança me trouxe a mente as milhões de ficções científicas que você escreveu. Andava sempre me garantindo que os textos dão mais sentido do que os poemas, que se é impossível de analisar os dois sob um único ângulo. Que a correção é um processo gradual, como tudo que você vivenciou. Etapas. E escreveu como se escrevendo fizesse sua pequena revolução, se livrasse dos quadros que organizavam sua vida. E ainda mais ficção (haja ousadia!) como se metaforicamente quisesse mostrar o quanto podemos sair do campo virtual e transferi-lo para o espaço físico.
Hipocrisia. Tratava tudo de forma gradual e ainda afirmava que era possível agarrar o futuro antes do devido tempo.
Tem gente que se fascina pelo que não alcança. Gente tipo eu, gente tipo você. Tão gigantesco que fez de mim objeto de estudo, provando que deveria me livrar das rimas, dos buracos negros. Falando que a vida só exige esforço de cada um, e assim eu poderia ser mais completa. Que o ser humano é algo em constante mudanças, e que sendo assim deveríamos pensar três vezes antes de expor nossas falas. Então pensei três vezes, exatamente três vezes, quando disse que você estava certo em tudo menos em uma coisa: me dizer o que fazer. Me dar um pódio. Não somos seres mutáveis? E foi na intenção de esmurrar sua ferida que sussurrei uma estrofe de um poema antigo:
“Enfim
No fim
Enlouqueça
Entre em qualquer buraco
Adormeça
Nessa loucura a vida já passou.”
Você foi embora, definitivamente. Levou consigo todo o seu português e seus delírios. E quando virou as costas foi a primeira coisa que pensei, exatamente aquelas frases clichês que todo mundo repugna mas sempre pensa nas horas contraditórias. A minha foi “O mundo dá voltas”. Era pôr-do-sol, aquela coisa laranja praticamente me cegando. Exatamente como você fez.
Foi a primeira coisa que pensei, exatamente aquelas frases clichês que todo mundo repugna mas sempre pensa nas horas contraditórias. A minha foi “O mundo dá voltas”. Era pôr-do-sol, aquela coisa laranja praticamente me cegando. Exatamente como você fez.
Essa lembrança me trouxe a mente as milhões de ficções científicas que você escreveu. Andava sempre me garantindo que os textos dão mais sentido do que os poemas, que se é impossível de analisar os dois sob um único ângulo. Que a correção é um processo gradual, como tudo que você vivenciou. Etapas. E escreveu como se escrevendo fizesse sua pequena revolução, se livrasse dos quadros que organizavam sua vida. E ainda mais ficção (haja ousadia!) como se metaforicamente quisesse mostrar o quanto podemos sair do campo virtual e transferi-lo para o espaço físico.
Hipocrisia. Tratava tudo de forma gradual e ainda afirmava que era possível agarrar o futuro antes do devido tempo.
Tem gente que se fascina pelo que não alcança. Gente tipo eu, gente tipo você. Tão gigantesco que fez de mim objeto de estudo, provando que deveria me livrar das rimas, dos buracos negros. Falando que a vida só exige esforço de cada um, e assim eu poderia ser mais completa. Que o ser humano é algo em constante mudanças, e que sendo assim deveríamos pensar três vezes antes de expor nossas falas. Então pensei três vezes, exatamente três vezes, quando disse que você estava certo em tudo menos em uma coisa: me dizer o que fazer. Me dar um pódio. Não somos seres mutáveis? E foi na intenção de esmurrar sua ferida que sussurrei uma estrofe de um poema antigo:
“Enfim
No fim
Enlouqueça
Entre em qualquer buraco
Adormeça
Nessa loucura a vida já passou.”
Você foi embora, definitivamente. Levou consigo todo o seu português e seus delírios. E quando virou as costas foi a primeira coisa que pensei, exatamente aquelas frases clichês que todo mundo repugna mas sempre pensa nas horas contraditórias. A minha foi “O mundo dá voltas”. Era pôr-do-sol, aquela coisa laranja praticamente me cegando. Exatamente como você fez.
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