Julgamento
(Laís Moura)
Grace Elizabeth Connor estava congelando. Nua, estava de joelhos no chão antiderrapante do seu quarto, com o cabelo encharcado pela chuva que tinha tomado mais cedo e desgrenhado. Apertava suas mãos entre seus joelhos, a coluna completamente curvada e os olhos cabisbaixos. Mas já fora feliz um dia.
Em meio à plantação de milho no final do Texas Grace corria com seu irmão de cinco anos, três anos mais novo que ela. Suas roupas chacoalhavam nos seus corpos magricelas até que eles pularam a cerca e foram explorar o enorme terreno do vizinho como faziam nos seus fins de semana.
- Ainda estou com fome, Gracyyyy.
- E o lanche que a mamãe preparou para você?
Peter Joseph fez círculos na terra com o pé, e murmurou:
- Fiquei com vergonha de comer na frente dos coleguinhas.
Grace suspirou, e arrancando um pequeno buquê repleto de flores vermelhas pequenas mostrou-o a ele à tirar o "fiozinho do mel", como chamava, que ao puxar saía uma gota doce da ponta.
- Tome. Isso vai resolver seu problema durante um tempo.
Ela fitou o crepúsculo. Ia tirar seu irmão daquela vida miserável.
Estavam na mesma casa que moravam ao nascer. Peter tinha acabado de fazer 15 anos, e estava indo para o terceiro colégio em dois anos. Enquanto pegava um lápis e uma borracha lembrou-se de seu pai, e ficou feliz em Deus ter ouvido sua oração pelo menos uma vez na vida. Ele tinha morrido no ano anterior por excesso de bebida, como tanto Joseph esperava.
- Vai tão cedo? - Disse sua mãe, levantando seu corpo pesado do sofá mofado. - Tá crescendo, hein? - E sorriu descaradamente ao passar a mão na região genital do filho. Ele saiu encabulado, deixando Grace atrás dele. Ela chegara mais uma vez bêbada pela madrugada, e ao ver a cena, espancou sua mãe até deixá-la semi-consciente. Fugiu com seu irmão como há anos haviam planejado, e estudaram tanto como se tivessem que saber de todas as matérias até o terceiro ano em apenas um ano. E assim o fizeram.
Grace se tornou a melhor da turma na faculdade. Entrou aos 20 anos com bolsa em Harvad. Ninguém sabia da sua vida, o que justificava sua falta de amigos. Gastava todo seu tempo livre ensinando ao irmão. Ele não sabia, e admirava como se fosse sua mãe - e realmente foi a vida inteira - mas ele não sabia da vida dela.
O principal: não sabia que ela tinha vendido a alma ao diabo.
- Estou orgulhosa de você, Lisa. - Disse Grace para si mesma, enquanto bebia uma taça de vinho após ter ganhado a presidência dos Estados Unidos. Afinal não teve ninguém próximo que pudesse dizer o mesmo. - Você conseguiu.
- Não valhe a pena, Lis. - Disse seu irmão quando ela entrou na política. - Você fica refém do sistema. Refém da CIA, da ONU. Da mídia. Vai embora enquanto pode.
Grace olhou-o despresadamente. Ele tinha se formado numa faculdade boa, mas ainda assim não era nenhuma Harvad ou Oxford. Casou-se com sua terceira namorada, teve uma filha. Morava num bairro silencioso. Tinha uma vida silenciosa. Um emprego bom, que ganhava a média. Amava a vida. E jogou tudo fora - pensou Grace - Todo meu esforço para te tirar do fundo do poço.
Mas no fundo ela sabia que fizera por ela. Era o sonho, ser presidente. Fez muitos negócios, ia a muitas festas, tinha uma vida agitada. Estava completa até então.
- TIA GRACYYYYYY - Chamou sua sobrinha, puxando-a pela saia 6 meses antes de concorrer à presidência. - Você vai me dar uma priminha quando?
Grace olhou bondosamente para a criaturinha. Não, tinha certeza, jamais ia ter um filho. Jamais ia gerar alguém no meio desse mundo demoníaco. Não depois do que fizera.
Grace Elizabeth Connor estava congelando. Nua, estava de joelhos no chão antiderrapante do seu quarto, com o cabelo encharcado pela chuva que tinha tomado mais cedo e desgrenhado. Apertava suas mãos entre seus joelhos, a coluna completamente curvada e os olhos cabisbaixos. Estava sendo atormentada pelos seus pesadelos, afinal, estava no fim da sua vida. Era hora de pagar pelo que ganhou com o contrato.
- GRACYYY, fomee! - Chamou seu irmão ao fundo.
- Você tem poder. Muito poder...
- Lisa, se você denunciar seu pai a polícia prende você junta...
- Dinheiro...
- Eu invoco o rei injustiçado, aquele que tudo vê...
Connor olhou pro teto. Cortou seus pulsos,sentindo seu corpo tremer ao entrar em contato com o líquido quente. Sentiu uma dor alucinante.
Depois, nada.
Grace Elizabeth Connor estava congelando. Nua, estava de joelhos no chão antiderrapante do seu quarto, com o cabelo encharcado pela chuva que tinha tomado mais cedo e desgrenhado. Apertava suas mãos entre seus joelhos, a coluna completamente curvada e os olhos cabisbaixos. Mas já fora feliz um dia.
Em meio à plantação de milho no final do Texas Grace corria com seu irmão de cinco anos, três anos mais novo que ela. Suas roupas chacoalhavam nos seus corpos magricelas até que eles pularam a cerca e foram explorar o enorme terreno do vizinho como faziam nos seus fins de semana.
- Ainda estou com fome, Gracyyyy.
- E o lanche que a mamãe preparou para você?
Peter Joseph fez círculos na terra com o pé, e murmurou:
- Fiquei com vergonha de comer na frente dos coleguinhas.
Grace suspirou, e arrancando um pequeno buquê repleto de flores vermelhas pequenas mostrou-o a ele à tirar o "fiozinho do mel", como chamava, que ao puxar saía uma gota doce da ponta.
- Tome. Isso vai resolver seu problema durante um tempo.
Ela fitou o crepúsculo. Ia tirar seu irmão daquela vida miserável.
Estavam na mesma casa que moravam ao nascer. Peter tinha acabado de fazer 15 anos, e estava indo para o terceiro colégio em dois anos. Enquanto pegava um lápis e uma borracha lembrou-se de seu pai, e ficou feliz em Deus ter ouvido sua oração pelo menos uma vez na vida. Ele tinha morrido no ano anterior por excesso de bebida, como tanto Joseph esperava.
- Vai tão cedo? - Disse sua mãe, levantando seu corpo pesado do sofá mofado. - Tá crescendo, hein? - E sorriu descaradamente ao passar a mão na região genital do filho. Ele saiu encabulado, deixando Grace atrás dele. Ela chegara mais uma vez bêbada pela madrugada, e ao ver a cena, espancou sua mãe até deixá-la semi-consciente. Fugiu com seu irmão como há anos haviam planejado, e estudaram tanto como se tivessem que saber de todas as matérias até o terceiro ano em apenas um ano. E assim o fizeram.
Grace se tornou a melhor da turma na faculdade. Entrou aos 20 anos com bolsa em Harvad. Ninguém sabia da sua vida, o que justificava sua falta de amigos. Gastava todo seu tempo livre ensinando ao irmão. Ele não sabia, e admirava como se fosse sua mãe - e realmente foi a vida inteira - mas ele não sabia da vida dela.
O principal: não sabia que ela tinha vendido a alma ao diabo.
- Estou orgulhosa de você, Lisa. - Disse Grace para si mesma, enquanto bebia uma taça de vinho após ter ganhado a presidência dos Estados Unidos. Afinal não teve ninguém próximo que pudesse dizer o mesmo. - Você conseguiu.
- Não valhe a pena, Lis. - Disse seu irmão quando ela entrou na política. - Você fica refém do sistema. Refém da CIA, da ONU. Da mídia. Vai embora enquanto pode.
Grace olhou-o despresadamente. Ele tinha se formado numa faculdade boa, mas ainda assim não era nenhuma Harvad ou Oxford. Casou-se com sua terceira namorada, teve uma filha. Morava num bairro silencioso. Tinha uma vida silenciosa. Um emprego bom, que ganhava a média. Amava a vida. E jogou tudo fora - pensou Grace - Todo meu esforço para te tirar do fundo do poço.
Mas no fundo ela sabia que fizera por ela. Era o sonho, ser presidente. Fez muitos negócios, ia a muitas festas, tinha uma vida agitada. Estava completa até então.
- TIA GRACYYYYYY - Chamou sua sobrinha, puxando-a pela saia 6 meses antes de concorrer à presidência. - Você vai me dar uma priminha quando?
Grace olhou bondosamente para a criaturinha. Não, tinha certeza, jamais ia ter um filho. Jamais ia gerar alguém no meio desse mundo demoníaco. Não depois do que fizera.
Grace Elizabeth Connor estava congelando. Nua, estava de joelhos no chão antiderrapante do seu quarto, com o cabelo encharcado pela chuva que tinha tomado mais cedo e desgrenhado. Apertava suas mãos entre seus joelhos, a coluna completamente curvada e os olhos cabisbaixos. Estava sendo atormentada pelos seus pesadelos, afinal, estava no fim da sua vida. Era hora de pagar pelo que ganhou com o contrato.
- GRACYYY, fomee! - Chamou seu irmão ao fundo.
- Você tem poder. Muito poder...
- Lisa, se você denunciar seu pai a polícia prende você junta...
- Dinheiro...
- Eu invoco o rei injustiçado, aquele que tudo vê...
Connor olhou pro teto. Cortou seus pulsos,sentindo seu corpo tremer ao entrar em contato com o líquido quente. Sentiu uma dor alucinante.
Depois, nada.
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