Nós 5
(Laís Moura)
Não me pergunte que diabos eu estava fazendo lá. Depois de passar por um sermão da minha mãe de não passar tempo suficiente na minha família e só saber de blog, lá estava eu numa Hilux com minha irmã e com 3 pessoas desconhecidas.
Tá. Não eram desconhecidas. Eram da sala de minha irmã. Estavam indo para o aniversário de um amigo nosso em comum, Carlos Eduardo (mais conhecido como cadu) e de uma personalidade excêntrica. Ao volante ia um cara que tinha ACABADO de completar 18 anos, Davi, e que já dirigia anteriormente (apesar de não ter idade suficiente para). Ao lado de minha irmã estava o dono da Hilux, Rafael, que é exatamente do jeito que você está pensando (ou seja, rico); E, para fechar o pacote, lá estava uma garota alta, loira, Juliana, que não parava de tagarelar sobre a segunda guerra mundial.
É. Estávamos indo para um ANIVERSÁRIO e ela estava falando sobre a segunda guerra. E Mariana, que aparentemente era amiga dela, constantemente revirava os olhos, olhando o tempo todo pro relógio.
- Eu NÃO VOU MÃE, NÃO se for com a galera da sala dela! Com quem você acha que eu vou ficar conversando lá?
- Com sua irmã, quem mais?
- UAU, interessante!
- VOCÊ VAI, fim de história.
Pronto, eu fui. E desde aí, minha mãe nunca mais me obrigou a ir a lugar algum.
- Galera...eu acho que eu me perdi.
Ser acordada pela voz devagar de Davi era no mínimo...irritante. Todos nós tínhamos dormido no caminho (fora Davi logicamente...creio eu) e logo nos arrependemos, por que Davi não tinha a fama de ser exatamente bom em direção e sentido. A maior prova é ele que ele fez o teste de direção umas 5 vezes (brincadeirinha).
- Como é que é? - Perguntou Mariana.
E aí, quando olhamos pros lados, soubemos EXATAMENTE o que estava havendo. A gente tinha apenas saído da cidade, e não fazíamos a menor ideia de onde estávamos, visto que a cidade era tão desconhecida que nem placa havia de localização.
- Faça o retorno, ora essa. - Disse Rafael.
- Então, eu fiz o retorno... Mas não sei por que parei aqui.
- Tinha que ser Davi... - Resmungou a loira.
- Sim, ANAUÊ!
- DAVI!!!!!!!! - Gritou ela.
- Para de gritar, merda! - Falou Rafael.
Afundei no meu banco, e fechando os olhos botei o volume do aparelho de ouvir música no máximo.
- LAÍS, VÊ SE FAZ ALGUMA POHA VOCÊ TAMBÉM! - Brigou Mariana
- Como é que ééé?! Sou obrigada a vir e ainda tenho que discutir com vocês? Puxa, obrigada pela oferta (me sinto lisonjeada) mas acho que é demais para um ser tão insignificante quanto eu.
Ela me lançou um gesto obceno, o que me fez rir. Não vi nada então, só ouvi o estrondo. Nosso carro capotou uma vez, e acabou parando de lado. Fiquei confusa de início, e senti um sangue quente correr pela minha testa. Com dificuldade, sai do carro indo parar em cima do pineu traseiro. Rafael fez o mesmo, e juntos, viramos o carro para a posição original. Ninguém tinha se queixado de nada quebrado nem torcido, portanto achamos mais fácil fazer daquele jeito. Foi aí que olhei para trás: O carro que tinha batido tinha sido completamente amassado. Enquanto eles saíam do carro, corri para o de trás, e quando estava me preparando psicologicamente para ver uma pessoa mutilada, tudo o que eu vi foi...nada.
Não havia absolutamente ninguém no carro. Uma mosca voou e começou a zumbir no meu ouvido, e aí um batalhão de moscas começaram a girar em torno de mim. Vieram sapos, baratas, aranhas e formigas, e comecei a gritar e pular desesperada. Cai e me rastejei até minha irmã, implorando dentre lágrimas que me livrasse daquela tortura.
Como você já deve imaginar, eu estava tendo uma alucinação. Mariana me sacudiu, berrando alguma coisa, e ela de repente virou uma cascavel gigante. Me afastei dela por repulsa, até que desmaiei por pura exaustão.
O sol do meio dia acordou meu corpo dolorido, e encontreio-os em minha volta.
- Como pode 4 celulares não pegarem no mesmo lugar?! - Perguntou Mariana.
- Vamos recaptular, - Disse a loira - Estamos numa estrada, sem celular, sem uma pessoa no carro de trás (ah, isso não tinha sido alucinação) e com uma garota desmaiada no asfalto. Esqueci de algo?
Assustei-me com meu próprio cabelo chicoteando de leve, e dei um pulo de onde estava reprimindo um grunhido.
- Ah, ótimo, você está bem? - Perguntou Mariana.
Assenti, olhando em volta.
- Já devem ter notado a nossa falta. Já devem estar procurando por nós. - Comentei.
- Talvez já tivessem achado se o incopetente não tivesse errado o caminho. - Resmungou Rafael.
- Não adianta fazer nada agora. Davi errou, mas não fez de propósito.
Davi me agradeceu com um olhar rápido e abraçou as pernas. O traseiro da Hilux estava amarrotado, e aquela visão foi um tanto hostil. Levantei mas logo me arrependi: minhas pernas estavam dormentes.
- Na-na-não, - Começou Davi, me fazendo sentar de volta. - Não é uma boa idéia você levantar agora.
- Por quê não?
- Você deve ter tido uma alucinação nervosa. Isso vai deixar sua perna com cãimbras.
- Como sabe disso? - Perguntou a loira.
- Alguém aqui tem que prestar atenção nas aulas de biologia, certo?!
- AH, EU BROCO! - Disse Mariana. - O CELULAR PEGOU, ALELUIA.
Olhei cumpliçadamente para Davi, e após sorrir para mim ele voltou a sua atenção para o pedaço de grama que brincava. Depois de menos de uma hora ouvimos as sirenes.
X
Não me pergunte que diabos eu estava fazendo lá. Depois de passar por um sermão da minha mãe de não passar tempo suficiente na minha família e só saber de blog, lá estava eu numa Hilux com minha irmã e com 3 pessoas desconhecidas.
Tá. Não eram desconhecidas. Eram da sala de minha irmã. Estavam indo para o aniversário de um amigo nosso em comum, Carlos Eduardo (mais conhecido como cadu) e de uma personalidade excêntrica. Ao volante ia um cara que tinha ACABADO de completar 18 anos, Davi, e que já dirigia anteriormente (apesar de não ter idade suficiente para). Ao lado de minha irmã estava o dono da Hilux, Rafael, que é exatamente do jeito que você está pensando (ou seja, rico); E, para fechar o pacote, lá estava uma garota alta, loira, Juliana, que não parava de tagarelar sobre a segunda guerra mundial.
É. Estávamos indo para um ANIVERSÁRIO e ela estava falando sobre a segunda guerra. E Mariana, que aparentemente era amiga dela, constantemente revirava os olhos, olhando o tempo todo pro relógio.
- Eu NÃO VOU MÃE, NÃO se for com a galera da sala dela! Com quem você acha que eu vou ficar conversando lá?
- Com sua irmã, quem mais?
- UAU, interessante!
- VOCÊ VAI, fim de história.
Pronto, eu fui. E desde aí, minha mãe nunca mais me obrigou a ir a lugar algum.
- Galera...eu acho que eu me perdi.
Ser acordada pela voz devagar de Davi era no mínimo...irritante. Todos nós tínhamos dormido no caminho (fora Davi logicamente...creio eu) e logo nos arrependemos, por que Davi não tinha a fama de ser exatamente bom em direção e sentido. A maior prova é ele que ele fez o teste de direção umas 5 vezes (brincadeirinha).
- Como é que é? - Perguntou Mariana.
E aí, quando olhamos pros lados, soubemos EXATAMENTE o que estava havendo. A gente tinha apenas saído da cidade, e não fazíamos a menor ideia de onde estávamos, visto que a cidade era tão desconhecida que nem placa havia de localização.
- Faça o retorno, ora essa. - Disse Rafael.
- Então, eu fiz o retorno... Mas não sei por que parei aqui.
- Tinha que ser Davi... - Resmungou a loira.
- Sim, ANAUÊ!
- DAVI!!!!!!!! - Gritou ela.
- Para de gritar, merda! - Falou Rafael.
Afundei no meu banco, e fechando os olhos botei o volume do aparelho de ouvir música no máximo.
- LAÍS, VÊ SE FAZ ALGUMA POHA VOCÊ TAMBÉM! - Brigou Mariana
- Como é que ééé?! Sou obrigada a vir e ainda tenho que discutir com vocês? Puxa, obrigada pela oferta (me sinto lisonjeada) mas acho que é demais para um ser tão insignificante quanto eu.
Ela me lançou um gesto obceno, o que me fez rir. Não vi nada então, só ouvi o estrondo. Nosso carro capotou uma vez, e acabou parando de lado. Fiquei confusa de início, e senti um sangue quente correr pela minha testa. Com dificuldade, sai do carro indo parar em cima do pineu traseiro. Rafael fez o mesmo, e juntos, viramos o carro para a posição original. Ninguém tinha se queixado de nada quebrado nem torcido, portanto achamos mais fácil fazer daquele jeito. Foi aí que olhei para trás: O carro que tinha batido tinha sido completamente amassado. Enquanto eles saíam do carro, corri para o de trás, e quando estava me preparando psicologicamente para ver uma pessoa mutilada, tudo o que eu vi foi...nada.
Não havia absolutamente ninguém no carro. Uma mosca voou e começou a zumbir no meu ouvido, e aí um batalhão de moscas começaram a girar em torno de mim. Vieram sapos, baratas, aranhas e formigas, e comecei a gritar e pular desesperada. Cai e me rastejei até minha irmã, implorando dentre lágrimas que me livrasse daquela tortura.
Como você já deve imaginar, eu estava tendo uma alucinação. Mariana me sacudiu, berrando alguma coisa, e ela de repente virou uma cascavel gigante. Me afastei dela por repulsa, até que desmaiei por pura exaustão.
O sol do meio dia acordou meu corpo dolorido, e encontreio-os em minha volta.
- Como pode 4 celulares não pegarem no mesmo lugar?! - Perguntou Mariana.
- Vamos recaptular, - Disse a loira - Estamos numa estrada, sem celular, sem uma pessoa no carro de trás (ah, isso não tinha sido alucinação) e com uma garota desmaiada no asfalto. Esqueci de algo?
Assustei-me com meu próprio cabelo chicoteando de leve, e dei um pulo de onde estava reprimindo um grunhido.
- Ah, ótimo, você está bem? - Perguntou Mariana.
Assenti, olhando em volta.
- Já devem ter notado a nossa falta. Já devem estar procurando por nós. - Comentei.
- Talvez já tivessem achado se o incopetente não tivesse errado o caminho. - Resmungou Rafael.
- Não adianta fazer nada agora. Davi errou, mas não fez de propósito.
Davi me agradeceu com um olhar rápido e abraçou as pernas. O traseiro da Hilux estava amarrotado, e aquela visão foi um tanto hostil. Levantei mas logo me arrependi: minhas pernas estavam dormentes.
- Na-na-não, - Começou Davi, me fazendo sentar de volta. - Não é uma boa idéia você levantar agora.
- Por quê não?
- Você deve ter tido uma alucinação nervosa. Isso vai deixar sua perna com cãimbras.
- Como sabe disso? - Perguntou a loira.
- Alguém aqui tem que prestar atenção nas aulas de biologia, certo?!
- AH, EU BROCO! - Disse Mariana. - O CELULAR PEGOU, ALELUIA.
Olhei cumpliçadamente para Davi, e após sorrir para mim ele voltou a sua atenção para o pedaço de grama que brincava. Depois de menos de uma hora ouvimos as sirenes.
X
Comentários