Salvo pelo congo
(Laís Moura)
Eu estava descansando numa árvore e deixando minha mente vagar por antigos dias, quando eu ainda era novo e brincava com amigos do mesmo estereótipo que eu, quando minha família estava viva e feliz, quando eu me extressava por coisas bobas e que agora parecem tão insignificantes...
Foi então que eu ouvi uma folha seca ser amassada. O que não era tão incomum, se tratando do outono forte em que eu estava submetido; Mas aquela folha só faltava gritar " PERIGO!". Poderia até ser paranóia minha, mas se tratando dos dias violentos cada vez mais frequentes em nosso âmbito social uma simples desviadas e bye bye.
Olhei em volta e não me movi, deixando todos os meus sentidos exercerem suas respectivas funções aceleradas pela adrenalina.
- Uma merda. Não consegui caçar nada nessa bendita floresta. - Disse um humano, que mais parecia um ogro do que gente. - O que vocês sabem que é impossível, se tratando de mim.
- Hum. É, pode até ser. Mas alguma coisa nós vamos levar, não saio daqui de mãos vazias!
- Cala a boca Josh. E Felipe, acho bom você descer um pouquinho. Não se esqueça que quem quebra os records sou eu. - Disse um deles, só que do sexo feminino. - Quer que eu recorde para você algun daqueles dias?
- Tá Bárbara. Que seja. E faça silêncio, se não não acerto nada mesmo.
- Não se esqueça do que me prometeu. Nada de bichos em extinção.
- Não precisa nem me lembrar.
Foi aí que o tal de Josh me viu, e parou repentinamente de avançar. Os outros fizeram o mesmo, me observando da cabeça aos pés.
- Vão embora. - Disse, mentalmente. - Já acabaram com todas as garças e veados que tinham aqui.
Mas minha voz não saía, o que sempre acontecia com estranhos. Empinei meu nariz e tentei manter uma posição desafiadora, e evitei que eles notassem minhas pernas trêmulas.
" VÃO EMBORA, AGORA."
Minha garganta formou -se um bolo, mas logo se desfez quando Bárbara disse, boquiaberta:
- Ele é lindo.
Lisonjeado, baixei retaguarda e inflei meu peito.
- Olha lá Josh, os olhos dele. Praticamente brilham.
- É mesmo Filipe. Nunca vi nenhum tipo desses por aqui.
Não entendi por que eles se referiam a mim com tanta surpresa, ou até mesmo como se eu fosse incapaz de ouví-los. Tolinhos.
Bárbara deu um passo a frente e eu recuei, um pouco duvidoso.
- Vem cá coisa linda. - Disse ela, com uma voz extremamente doce. - Olha só o que eu trouxe para você. - E me estendeu uma espécie de fruta amarela, com uma cara extremamente boa. Sabia o que era, mas tinha me esquecido o nome... era... Bano. Não, bano não. Bane, bani, bana... Banana. Minha língua salivou à recordação do gosto e fui até ela, enfeitiçado.
- Isso, garoto. Aqui.
E quando quase alcançei a banana uma luz veio em minha direção (mais conhecida como flash) e me deixou cego, e fiquei totalmente desnorteado. Gritei em desespero, e ouvi ela dizer:
- QUANTAS VEZES JÁ DISSE PARA TIRAR O FLASH DESSA PORCARIA, JOSH?
Me envolveram então numa espécie de rede e fui jogado dentro de uma gaiola e colocado no capô de uma coisa grande de quatro rodas. Ela fez um barulho assustador e começou a se mecher, sem piedade nenhuma. Fiquei muito tempo dentro daquela caixa escura, e quando a coisa parou de andar a luz do sol invadiu meus olhos com tudo. Meu corpo estava dolorido e senti isso com mais intensidade quando me pegaram com duas mãos.
- Escute. Olhe para mim.
Meus sentidos se recuperaram aos poucos, e avistei a floresta de longe. O menino que me segurava nas mãos não deveria ter mais que 7 anos de idade, e sua expressão era de pânico.
- Você tem que fugir, entende? Fugir, se não perigo vem. Fuja. - E em seguida esticou seus braços para o céu.
- Voe, Tucano. Voe.
E obedeci, seguindo meu instinto de sobrevivência. Em pouco tempo já estava de volta, morto de fome. Enquanto comia a banana merecida, fitei o chão.
Tucano. Gostei do nome.
Eu estava descansando numa árvore e deixando minha mente vagar por antigos dias, quando eu ainda era novo e brincava com amigos do mesmo estereótipo que eu, quando minha família estava viva e feliz, quando eu me extressava por coisas bobas e que agora parecem tão insignificantes...
Foi então que eu ouvi uma folha seca ser amassada. O que não era tão incomum, se tratando do outono forte em que eu estava submetido; Mas aquela folha só faltava gritar " PERIGO!". Poderia até ser paranóia minha, mas se tratando dos dias violentos cada vez mais frequentes em nosso âmbito social uma simples desviadas e bye bye.
Olhei em volta e não me movi, deixando todos os meus sentidos exercerem suas respectivas funções aceleradas pela adrenalina.
- Uma merda. Não consegui caçar nada nessa bendita floresta. - Disse um humano, que mais parecia um ogro do que gente. - O que vocês sabem que é impossível, se tratando de mim.
- Hum. É, pode até ser. Mas alguma coisa nós vamos levar, não saio daqui de mãos vazias!
- Cala a boca Josh. E Felipe, acho bom você descer um pouquinho. Não se esqueça que quem quebra os records sou eu. - Disse um deles, só que do sexo feminino. - Quer que eu recorde para você algun daqueles dias?
- Tá Bárbara. Que seja. E faça silêncio, se não não acerto nada mesmo.
- Não se esqueça do que me prometeu. Nada de bichos em extinção.
- Não precisa nem me lembrar.
Foi aí que o tal de Josh me viu, e parou repentinamente de avançar. Os outros fizeram o mesmo, me observando da cabeça aos pés.
- Vão embora. - Disse, mentalmente. - Já acabaram com todas as garças e veados que tinham aqui.
Mas minha voz não saía, o que sempre acontecia com estranhos. Empinei meu nariz e tentei manter uma posição desafiadora, e evitei que eles notassem minhas pernas trêmulas.
" VÃO EMBORA, AGORA."
Minha garganta formou -se um bolo, mas logo se desfez quando Bárbara disse, boquiaberta:
- Ele é lindo.
Lisonjeado, baixei retaguarda e inflei meu peito.
- Olha lá Josh, os olhos dele. Praticamente brilham.
- É mesmo Filipe. Nunca vi nenhum tipo desses por aqui.
Não entendi por que eles se referiam a mim com tanta surpresa, ou até mesmo como se eu fosse incapaz de ouví-los. Tolinhos.
Bárbara deu um passo a frente e eu recuei, um pouco duvidoso.
- Vem cá coisa linda. - Disse ela, com uma voz extremamente doce. - Olha só o que eu trouxe para você. - E me estendeu uma espécie de fruta amarela, com uma cara extremamente boa. Sabia o que era, mas tinha me esquecido o nome... era... Bano. Não, bano não. Bane, bani, bana... Banana. Minha língua salivou à recordação do gosto e fui até ela, enfeitiçado.
- Isso, garoto. Aqui.
E quando quase alcançei a banana uma luz veio em minha direção (mais conhecida como flash) e me deixou cego, e fiquei totalmente desnorteado. Gritei em desespero, e ouvi ela dizer:
- QUANTAS VEZES JÁ DISSE PARA TIRAR O FLASH DESSA PORCARIA, JOSH?
Me envolveram então numa espécie de rede e fui jogado dentro de uma gaiola e colocado no capô de uma coisa grande de quatro rodas. Ela fez um barulho assustador e começou a se mecher, sem piedade nenhuma. Fiquei muito tempo dentro daquela caixa escura, e quando a coisa parou de andar a luz do sol invadiu meus olhos com tudo. Meu corpo estava dolorido e senti isso com mais intensidade quando me pegaram com duas mãos.
- Escute. Olhe para mim.
Meus sentidos se recuperaram aos poucos, e avistei a floresta de longe. O menino que me segurava nas mãos não deveria ter mais que 7 anos de idade, e sua expressão era de pânico.
- Você tem que fugir, entende? Fugir, se não perigo vem. Fuja. - E em seguida esticou seus braços para o céu.
- Voe, Tucano. Voe.
E obedeci, seguindo meu instinto de sobrevivência. Em pouco tempo já estava de volta, morto de fome. Enquanto comia a banana merecida, fitei o chão.
Tucano. Gostei do nome.
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