Caso de polícia
(Laís Moura e Bárbara Suzart)
Oi. Quer dizer, não se começa uma história com oi. Não essa história.
Estava em casa sem fazer nada assistindo televisão e comendo, assim como pessoas sedentárias, quando minha filha Jéssica chegou da faculdade, cerca de dez horas da noite. Estaria tudo normal até hoje se eu não fosse tão flexível ao ver a carinha de menininha tristinha que ela insiste em fazer quando eu não permito algo que ela esteja tramando. Naquele dia em especial, quando ela inventou de "estudar" na casa de sua amiga, Pricila.
- Ah, pai, por favor!
- Sei. Estudar e ficar paquerando os meninos da rua dela, ham?
- PAI! Claro que não! - Disse ela, corando.
- Não filha. O ambiente lá não é bom. Fora que já está tarde.
- Mas é amanhã que eu vou, hoje não, claro.
- Não, já disse que não!
- Ah pai, por favooooooooooooooooooooooooooooooooooooor!
E claro, deixei. Se arrependimento matasse...
Dias se passaram depois do "estudo" na casa da amiga, e um dia, estava eu no meu momento "homem sedentário" em casa, quando ela chegou na faculdade desesperada.
- PAI! PAI! Veja isso! - disse, apontando para os lábios.
Ao fixar meu olhar na boca dela, vi umas feridas leves.
- O que é isso, minha filha?
- Sei lá, apareceu acho que ontem, ou hoje, sei lá! Só sei que só prestei atenção nisso na faculdade, quando Pricila falou!
- Meu Deus! Mas você não bateu em algum lugar não?
- Não, pelo que eu me lembre...
- Ah, daqui a uns dias isso sara, pode relaxar.
Ocorreu muito pelo ao contrário. Eu estava trabalhando no meu escritório quando minha filha ligou:
- Pai? Pai, você precisa ver isso aqui!
- Isso o quê?
- A ferida tá MUITO feia! Eu tô MUITO feia!
- Ah querida! Quer que eu marque uma consulta no médico?
Ela assentiu, apesar de estar no telefone.
- Filha?
- Ah, sim, quero.
- Então tá.
Desligamos. Ela conversou comigo, disse que fora para uma festa naquela dia de "estudo" e que tinha ficado com um cara, e suspeitava de alguma bactéria que tivesse contagiado. Quando chegamos ao médico no dia seguinte surpresinha: O médico não soube dizer o que era. Passou um anti-inflamatório que só fez piorar a situação. Fomos a mais dois médicos, e ao chegar no quarto, finalmente obtemos uma resposta definitiva.
- Cara...isso é caso de polícia.
Claro que não era o que eu pensava em ouvir, mas era a melhor certeza que obtivemos, apesar de ser negativa. Nos entreolhamos nervosos e imediatamente nos dirigimos à delegacia.
- Marque um encontro com esse rapaz na casa dele. Sei que você negou na festa ir para lá, mas ligue para ele. Ainda tem seu número? - Disse o policial.
- Tenho, anotei na minha agenda.
Suspirei, nervoso.
- Então faça isso. Ligue para ele e marque um encontro na casa dele. Nós iremos com você. - Disse o policial.
- Não seria melhor decidir o dia do encontro e o horário logo? - Perguntou Jéssica.
- Não. Ele pode suspeitar, o que eu duvido muito, mas deixe-o à vontade.
Não dirigimos à palavra um ao outro naquela noite, e ao descer para tomar o café da manhã ela anunciou:
- Hoje. 7:30 da noite.
Sua boca estava horrível, e tinha secreção em seus lábios inchados. Mas claro que ela já deveria saber disso. E quando chegou a hora do encontro, ela já nem tinha mais unhas.
Chegamos lá.
- POLÍCIA!
O cara saltou para trás, mas já era tarde - os policias pularam junto. Massacraram seu corpo magrela - afinal, aquilo era feio demais para ela! - e seguraram seus braços em volta de suas costas. Eu e Jéssica ficamos parados, estupefados demais por estar presenciando uma cena bem tipinho LAW & ORDER. Jéssica sussurou enquanto outros policiais investigavam a casa:
- Mas por que tudo isso?
- Bom, a bactéria da sua boca só é encontrada em cadáveres.
- O QUÊ? ENTÃO POR ISSO QUE O MÉDICO TE CHAMOU PARA UMA CONVERSA SEM MIM?!
- Foi.
- E por isso que você não queria me dizer.
- Aham.
Saímos do caminho enquanto os policiais carregavam em macas três corpos empacotados em sacos pretos, e em seguida, o cara algemado, que fuziláva-nos com os olhos.
- Senhor? Posso conversar com vocês dois rapidinho? - Disse o policial que conversara com a gente anteriormente.
- Sim, claro.
- Lembra que o senhor me disse que a bactéria na boca dela era só presente em cadáveres, e que você não sabai qual ligação isso tinha com a boca dela?
- Lembro.
- Bom, é bem simples: Os cadáveres presentes aqui nessa casa eram de três mulheres, ambas jovens, e o Alberto mantinha relações com elas. A bactéria não se formou nele, mas passou para ela, entende?
- Então ele ia me matar?
- Provavelmente.
- E ele...beijava os cadáveres? - Perguntei.
- Sim.
Eu olhei para Jéssica, que se segurava para não rir da situação.
- Então, você - prosseguiu se dirigindo à Jéssica - Terá que tomar esse comprimido aqui uma vez por dia, durante um mês. Você para durante dois dias e volta, mais um mês. Caso não tenha sucesso, você volta a falar comigo.
Ela assentiu, olhando a multidão que se aglomerava à cerca de 7 metros da gente.
Baseado em fatos reais.
Oi. Quer dizer, não se começa uma história com oi. Não essa história.
Estava em casa sem fazer nada assistindo televisão e comendo, assim como pessoas sedentárias, quando minha filha Jéssica chegou da faculdade, cerca de dez horas da noite. Estaria tudo normal até hoje se eu não fosse tão flexível ao ver a carinha de menininha tristinha que ela insiste em fazer quando eu não permito algo que ela esteja tramando. Naquele dia em especial, quando ela inventou de "estudar" na casa de sua amiga, Pricila.
- Ah, pai, por favor!
- Sei. Estudar e ficar paquerando os meninos da rua dela, ham?
- PAI! Claro que não! - Disse ela, corando.
- Não filha. O ambiente lá não é bom. Fora que já está tarde.
- Mas é amanhã que eu vou, hoje não, claro.
- Não, já disse que não!
- Ah pai, por favooooooooooooooooooooooooooooooooooooor!
E claro, deixei. Se arrependimento matasse...
Dias se passaram depois do "estudo" na casa da amiga, e um dia, estava eu no meu momento "homem sedentário" em casa, quando ela chegou na faculdade desesperada.
- PAI! PAI! Veja isso! - disse, apontando para os lábios.
Ao fixar meu olhar na boca dela, vi umas feridas leves.
- O que é isso, minha filha?
- Sei lá, apareceu acho que ontem, ou hoje, sei lá! Só sei que só prestei atenção nisso na faculdade, quando Pricila falou!
- Meu Deus! Mas você não bateu em algum lugar não?
- Não, pelo que eu me lembre...
- Ah, daqui a uns dias isso sara, pode relaxar.
Ocorreu muito pelo ao contrário. Eu estava trabalhando no meu escritório quando minha filha ligou:
- Pai? Pai, você precisa ver isso aqui!
- Isso o quê?
- A ferida tá MUITO feia! Eu tô MUITO feia!
- Ah querida! Quer que eu marque uma consulta no médico?
Ela assentiu, apesar de estar no telefone.
- Filha?
- Ah, sim, quero.
- Então tá.
Desligamos. Ela conversou comigo, disse que fora para uma festa naquela dia de "estudo" e que tinha ficado com um cara, e suspeitava de alguma bactéria que tivesse contagiado. Quando chegamos ao médico no dia seguinte surpresinha: O médico não soube dizer o que era. Passou um anti-inflamatório que só fez piorar a situação. Fomos a mais dois médicos, e ao chegar no quarto, finalmente obtemos uma resposta definitiva.
- Cara...isso é caso de polícia.
Claro que não era o que eu pensava em ouvir, mas era a melhor certeza que obtivemos, apesar de ser negativa. Nos entreolhamos nervosos e imediatamente nos dirigimos à delegacia.
- Marque um encontro com esse rapaz na casa dele. Sei que você negou na festa ir para lá, mas ligue para ele. Ainda tem seu número? - Disse o policial.
- Tenho, anotei na minha agenda.
Suspirei, nervoso.
- Então faça isso. Ligue para ele e marque um encontro na casa dele. Nós iremos com você. - Disse o policial.
- Não seria melhor decidir o dia do encontro e o horário logo? - Perguntou Jéssica.
- Não. Ele pode suspeitar, o que eu duvido muito, mas deixe-o à vontade.
Não dirigimos à palavra um ao outro naquela noite, e ao descer para tomar o café da manhã ela anunciou:
- Hoje. 7:30 da noite.
Sua boca estava horrível, e tinha secreção em seus lábios inchados. Mas claro que ela já deveria saber disso. E quando chegou a hora do encontro, ela já nem tinha mais unhas.
Chegamos lá.
- POLÍCIA!
O cara saltou para trás, mas já era tarde - os policias pularam junto. Massacraram seu corpo magrela - afinal, aquilo era feio demais para ela! - e seguraram seus braços em volta de suas costas. Eu e Jéssica ficamos parados, estupefados demais por estar presenciando uma cena bem tipinho LAW & ORDER. Jéssica sussurou enquanto outros policiais investigavam a casa:
- Mas por que tudo isso?
- Bom, a bactéria da sua boca só é encontrada em cadáveres.
- O QUÊ? ENTÃO POR ISSO QUE O MÉDICO TE CHAMOU PARA UMA CONVERSA SEM MIM?!
- Foi.
- E por isso que você não queria me dizer.
- Aham.
Saímos do caminho enquanto os policiais carregavam em macas três corpos empacotados em sacos pretos, e em seguida, o cara algemado, que fuziláva-nos com os olhos.
- Senhor? Posso conversar com vocês dois rapidinho? - Disse o policial que conversara com a gente anteriormente.
- Sim, claro.
- Lembra que o senhor me disse que a bactéria na boca dela era só presente em cadáveres, e que você não sabai qual ligação isso tinha com a boca dela?
- Lembro.
- Bom, é bem simples: Os cadáveres presentes aqui nessa casa eram de três mulheres, ambas jovens, e o Alberto mantinha relações com elas. A bactéria não se formou nele, mas passou para ela, entende?
- Então ele ia me matar?
- Provavelmente.
- E ele...beijava os cadáveres? - Perguntei.
- Sim.
Eu olhei para Jéssica, que se segurava para não rir da situação.
- Então, você - prosseguiu se dirigindo à Jéssica - Terá que tomar esse comprimido aqui uma vez por dia, durante um mês. Você para durante dois dias e volta, mais um mês. Caso não tenha sucesso, você volta a falar comigo.
Ela assentiu, olhando a multidão que se aglomerava à cerca de 7 metros da gente.
Baseado em fatos reais.
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