"O" pinguim

(Laís Moura)


Passei minha vida inteira a observar. Pinguim para mim é tudo igual, mas ele sempre foi diferente. Acostumei-me à uma vida calma, serena - às vezes chacoalhada por pinguins - E isso sempre me proporcionou reflexão. O céu cinza que se refletia em mim me iluminava, e gostava das vezes que a lua encostava no meu corpo. Mas nada disso me interessava mais do que ele: "o" pinguim.
 Não sei seu nome, pois ninguém nunca me disse. Pedi para a lua descobrir, mas ela me disse que ele tem medo da noite. Mas quer saber? Não importa. O que importa é que ele existe e me faz feliz.
 Irei te explicar por que.

 Pinguins passam toda sua via na inútil rotina de crescer, comer e se reproduzir. Muitas vezes me usam como artifício de sobrevivência, mas poucos realmente ligavam para mim. Aliás, só um deles: "o" pinguim. Ele passava horas me admirindo e tinha poucos amigos. Mas ele só em admirava de longe, perplexo com minha biodiversidade e grandeza. Ninguém nunca me disse - mas sempre foi óbvio.
Via através de seus olhos.
Porém um dia, lá pelas cinco horas da manhã, ele saiu andando pela neve e se aproximou de mim. Nem respirei, de tão feliz que estava. Ele observou seu reflexo e mergulhou suas patinhas em mim. Fiquei frenética, e produzi pequenas ondas em volta de seus pés. Ele suspirou e me perguntou:
 - Água, você quer se casar comigo?

Comentários

Rodrigo Vellame disse…
Que viagem ! kkkkkkkkkkkkkk
mt boa história !
beijos;*

Postagens mais visitadas