Sarah

(Laís Moura)

Andando.

A neve tinha cerca de 15 cm de altura, e o frio fazia meu cérebro acelerar. Estava voltando sozinha da escola como de hábito, quando ouvi um choro contido e ritmado.Dobrei meus joelhos e caminhei silenciosamente em direção a ele. Uma criança gordinha com as bochechas rosadas, encolhida, era a dona dos soluços incessíveis. Na sua frente, um cachorrinho jazia morto no gelo.
Aproximei-me relutante, sorrindo para ela. Ela me olhou com seus enormes olhos verdes lacrimejados e tristonhos.
- Qual é o seu nome?
- Sarah.
- E o nome dele?
- Não sei.
Sentei-me ao seu lado, envolvendo meu braço direito em seus ombros. Ela se encolheu ao toque, e eu desfiz o abraço.
- Desculpe.
Ela continuou chorando, e me senti conectada à medida que ela chorava.
- Sarah - Chamei - Que tal se fizermos um enterro bem legal para ele? Ele vai congelar aqui fora.
- Uhum - Disse ela chacoalhando seus cabelos loiros.
Cavamos um buraco com as mãos e colocamos o corpo do cão lá dentro. Quando finalizamos, perguntei:
- Sarah, onde está sua mãe?
Ela sorriu para mim , e apontando para minhas costas, disse:
- Bem ali.
Me virei lentamente, e pendurada numa árvore através de uma corda estava o corpo de uma mulher.
Peguei a menina nos braços e a medida que corria para a minha casa, ela sorria murmurando:
- Por que tá assustada? Mamãe tava cuidando de mim.
E ao ouvir isso, tive consciência de estar carregando nos braços uma futura assassina psicótica, ou drogada, ou prostituída, quem sabe?
- Você deveria ver a sua cara! - Disse ela - Não precisa ficar com medo.
Sorri, incapaz de dizer alguma coisa.

Comentários

UAAAU! Ótimas palavras, interessante. Por que não consigo falar como você, Laís?! HAUAHUAHAUHAUAHUAHAUHAU'
Tive medo O.O

Beijos, Bárbara ;*

Postagens mais visitadas