Em flagrante

(Laís Moura)

Sabe, eu nunca fui dessas coisas de investigação. Na verdade, eu sempre achei que o cara que criou o Sherlock Holmes
fumava umas.
Com todo o respeito, claro.
Bom, de qualquer forma, só sei que me rebelei contra o mundo (tipo aqueles adolescentizinhos de merda) e fugi de casa. Não tinha rumo, e estava começando a ficar nervosa quando as primeiras estrelas deram sinais no céu. Meu relógio marcava dezessete horas e cinquenta minutos. Minha nuca começava a latejar - o que é normal quando eu fico nervosa.O vento vinha na mesma direção em que eu andava, fazendo com que os meus cabelos chicoteassem meu rosto; O que, além de nervosa, me deixava impaciente. O problema é que eu fui inventar de passar brilho labial, resultado: isso que você está imaginando.
Não fazia nem cinco minutos que eu sai de casa quando eu ouvi um grito abafado. Juro que se não fosse uns xingamentos vindo da mesma direção, teria apostado que era uma gata miando. E olha que de som eu entendo.
Enfim, quando eu ouvi instantaneamente me escondi atrás do poste. Não que o poste fosse me tapar realmente - afinal, isso é praticamente impossível com o tamanho das minhas coxas - mas continuei lá.
- Cala a boca, sua vadia! - Sussurrou uma pessoa.
Eu teria cravado minhas unhas no pescoço de seja lá quem for que tivesse me chamado de vadia. Mas graças a Deus não era eu...
...Mas poderia ter sido.
- O que você quer? - Gemeu a mulher, que claramente estava com dificuldades de respirar.Nessa hora, meu instinto animal - ou seria instinto estúpido? - entrou em ação.
Dei de cara com uma prostituta (ou seria uma manequim roxa? brincadeirinha) sendo asfixiada por um garoto com uma pistola na mão. Quer dizer, pistola é apelido, era praticamente uma bazuca.
Não que eu entenda dessas coisas, não me leve a mal.
Ambos olharam assustados para a minha cara. Na hora exata que o garoto olhou para a mulher,eu dei um chute na zona proibida... fazendo com que ele me xingasse horrores e começasse a se contorcer no chão.
Confesso: fiquei impressionada com a minha força.
Mas, uma coisa que eu tinha reparado, era que o cara não tinha cara de marginal, estava super bem vestido e era mais branco que a parede lá do quarto (que não é tão branca assim, admito) com um olho castanho e outro azul.
Peguei a pistola dele antes q ele pudesse perceber.
- Ei, gata, você nem sabe mexer nisso!
- Quem te garante, husck?
Ele não entendeu meu senso de humor. Aliás, ninguém nunca entende.
- Já acabou o seu showzinho? - Berrou um cara lá de cima de uma casa, com uma câmera no pescoço.
E aí, milhões de pessoas com máquinas de filmagem e coisa e tal, apareceram falando coisas do tipo ''quem é ela?'' ou ''CORTA!CORTA!''
E eu torci de verdade para que um buraco no chão se abrisse e eu entrasse nele. Porquê, o cara que eu tinha acabado de chamar de husck era nada mais nada menos que o filho daquele vocalista de Chiclete com Banana com lentes de contato, que eu esqueci o nome.
E ele estava fazendo um filme.
Cada coisa que essa vida me apronta...

Comentários

Rodrigo Vellame disse…
Ri de +
kkkkkkkk

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