Nova York
(Laís Moura e Bárbara Suzart)
Era difícil decidir. Tive que abandonar meus amigos, - não digo meus familiares, pois nunca gostei muito deles - e minha escola. Eu me sentia completa com ela.
Final das contas: meu pai foi transferido para Nova York. Eu sempre quis visitar Nova Iorque, mas não MORAR. Sei lá, essa mudança é muito radical. Até a língua.
Quanto tempo passar lá? Indefinido. Um mês? Um ano? 10 anos? Não se sabe.
Cheguei lá as duas horas da tarde, e peguei um táxi - um daqueles amarelos - e fui em direção a tão esperada casa.
A casa era linda: branca, grande, majestosa, e o bairro nem se fala. Estávamos bem na época de outono e havia flores para tudo quanto é lado - o que é um problema, pois sou alérgica ao pólen. Mas mesmo assim, estava magnífico. Uma ou outra pessoa aparecia, andando de bicicleta ou passeando com um cachorro. Meu pai disse:
- Relaxe, você se passa fácil por uma americana. O problema tá em mim, que tem cara de terrorista.
E tem mesmo, pela barba e sobrancelha grossas.
Você nem imagina o tamanho da sala. Era duas vezes o meu apartamento - e o meu apartamento era até razoável. Havia uma grande escada com um corrimão brilhante, que levava ao andar de cima.
- Você ganhou na loteria?
- Etá, minha filha, a casa mais pobre daqui é melhor do que o nosso apartamento.
Eu deveria saber disso.
Quando eu subo para ir em direção ao meu quarto, encontro quatro portas: Uma, a de meu pai, outra, a do banheiro, outra do meu quarto...mas o que era a outra?
Entrei: era uma sala de ballet. Com barra e tudo.
Me apaixonei, e eu não iria querer sair dali nunca. Quando eu entrei no meu quarto, surpresinha! Parecia já estar ocupado.
Havia fotos de Simple Plan, CDs, poster, vídeos... Enfim. Havia uma enorme parede pintada de azul escuro - isso é cor? - e uma cama cheia de CUECAS em cima.
- Meu deus, quem é vocÊ? - Perguntou o dono das cuecas, que saía do banheiro.
- Eu que te pergunto o que você e suas coisas estão fazendo no MEU quarto!
Ele finalmente reparou nas minhas malas.
- Ora, ora... se não é a princesinha eu esperava!
- PAIIII - gritei, em português.
- Relaxe... Sabia que você viria, não é você que me mada aqueles bilhetes anônimos?
- SEU IMBECIL, EU ACABEI DE ME MUDAR!
- MEU DEUS, É VOCê?
- NÃO, A MINHA ALMA!
- Meu Deus, você não vinha na próxima segunda?
- Errr.. não.
- Sim , filha...? - Disse meu pai - QUEM É VOCê?
- Pai... é em inglês.
- POw cara, minha mãe disse que vocês só chegariam daqui a uma semana!
- Pois estamos com um problema. - Disse meu pai, franzindo o cenho.
- AH, É MESMO! HOJE É DIA 18,CERTO?
- Certo. - Respondi.
- Foi mal galerinha, só me deem algumas horas...
É... estava em Nova York. Olha só que recepção...
Depois de tudo se resolver, fui tomar meu banho, jantar e, finalmente, dormir. Estava louca para conhecer o colégio novo, a galera nova. Eu poderia até ter um pouquinho de dificuldade em conversar em inglês com americanos, já que sou brasileira, mas eles poderiam me ensinar alguma coisa. Mas meu pensamento mudou totalmente.
Chegando lá, só via grupos separados, cada estilo no seu clube de amigos. Grupo de populares, grupo de nerds, grupo de góticos, grupo de emos, grupo de patricinhas, etc. Fiquei muito surpresa, e o pior que isso era no PRIMEIRO DIA.
Pois bem, havia um mapa que eles entregavam na entrada para os alunos novos - O colégio é GIGANTE - E segui o que estava no respectivo mapa. Fui em direção ao meu armário e estava guardando minhas coisas junto com metade do colégio, e observei meus vizinhos. Uma fazia parte das patricinhas. O meu outro vizinho fazia parte dos nerds.
Não há grupo dos normais nesse colégio?
- Oi, você também é primeiro ano? - Perguntei para a garota.
Ela me ignorou e foi saindo, mas parou e perguntou:
- Isso foi comigo?
- É, foi.
- Você usa drogas? - E foi embora.
- Não tente se comunicar com seres inanimados. O própio nome já diz.
E foi embora também. É claro que levou um tempo para entender, afinal, eu não sabia como era ''inanimado'' em inglês. Eles deveriam ser mais sociais, serem mais educados.
De repente, senti falta dos meus amigos do Brasil. Lá, até que tinha grupo de amigos, mas, pelo menos, todos falavam com todos. E, também, pelo menos todo mundo sabia o nome da pessoa que está na mesa vizinha.
Até que consegui render um bom empenho no colégio. Mas digo que fiquei traumatizada com a sociedade daqui.
Mas tem certas coisas que a gente não pode mudar.
Era difícil decidir. Tive que abandonar meus amigos, - não digo meus familiares, pois nunca gostei muito deles - e minha escola. Eu me sentia completa com ela.
Final das contas: meu pai foi transferido para Nova York. Eu sempre quis visitar Nova Iorque, mas não MORAR. Sei lá, essa mudança é muito radical. Até a língua.
Quanto tempo passar lá? Indefinido. Um mês? Um ano? 10 anos? Não se sabe.
Cheguei lá as duas horas da tarde, e peguei um táxi - um daqueles amarelos - e fui em direção a tão esperada casa.
A casa era linda: branca, grande, majestosa, e o bairro nem se fala. Estávamos bem na época de outono e havia flores para tudo quanto é lado - o que é um problema, pois sou alérgica ao pólen. Mas mesmo assim, estava magnífico. Uma ou outra pessoa aparecia, andando de bicicleta ou passeando com um cachorro. Meu pai disse:
- Relaxe, você se passa fácil por uma americana. O problema tá em mim, que tem cara de terrorista.
E tem mesmo, pela barba e sobrancelha grossas.
Você nem imagina o tamanho da sala. Era duas vezes o meu apartamento - e o meu apartamento era até razoável. Havia uma grande escada com um corrimão brilhante, que levava ao andar de cima.
- Você ganhou na loteria?
- Etá, minha filha, a casa mais pobre daqui é melhor do que o nosso apartamento.
Eu deveria saber disso.
Quando eu subo para ir em direção ao meu quarto, encontro quatro portas: Uma, a de meu pai, outra, a do banheiro, outra do meu quarto...mas o que era a outra?
Entrei: era uma sala de ballet. Com barra e tudo.
Me apaixonei, e eu não iria querer sair dali nunca. Quando eu entrei no meu quarto, surpresinha! Parecia já estar ocupado.
Havia fotos de Simple Plan, CDs, poster, vídeos... Enfim. Havia uma enorme parede pintada de azul escuro - isso é cor? - e uma cama cheia de CUECAS em cima.
- Meu deus, quem é vocÊ? - Perguntou o dono das cuecas, que saía do banheiro.
- Eu que te pergunto o que você e suas coisas estão fazendo no MEU quarto!
Ele finalmente reparou nas minhas malas.
- Ora, ora... se não é a princesinha eu esperava!
- PAIIII - gritei, em português.
- Relaxe... Sabia que você viria, não é você que me mada aqueles bilhetes anônimos?
- SEU IMBECIL, EU ACABEI DE ME MUDAR!
- MEU DEUS, É VOCê?
- NÃO, A MINHA ALMA!
- Meu Deus, você não vinha na próxima segunda?
- Errr.. não.
- Sim , filha...? - Disse meu pai - QUEM É VOCê?
- Pai... é em inglês.
- POw cara, minha mãe disse que vocês só chegariam daqui a uma semana!
- Pois estamos com um problema. - Disse meu pai, franzindo o cenho.
- AH, É MESMO! HOJE É DIA 18,CERTO?
- Certo. - Respondi.
- Foi mal galerinha, só me deem algumas horas...
É... estava em Nova York. Olha só que recepção...
Depois de tudo se resolver, fui tomar meu banho, jantar e, finalmente, dormir. Estava louca para conhecer o colégio novo, a galera nova. Eu poderia até ter um pouquinho de dificuldade em conversar em inglês com americanos, já que sou brasileira, mas eles poderiam me ensinar alguma coisa. Mas meu pensamento mudou totalmente.
Chegando lá, só via grupos separados, cada estilo no seu clube de amigos. Grupo de populares, grupo de nerds, grupo de góticos, grupo de emos, grupo de patricinhas, etc. Fiquei muito surpresa, e o pior que isso era no PRIMEIRO DIA.
Pois bem, havia um mapa que eles entregavam na entrada para os alunos novos - O colégio é GIGANTE - E segui o que estava no respectivo mapa. Fui em direção ao meu armário e estava guardando minhas coisas junto com metade do colégio, e observei meus vizinhos. Uma fazia parte das patricinhas. O meu outro vizinho fazia parte dos nerds.
Não há grupo dos normais nesse colégio?
- Oi, você também é primeiro ano? - Perguntei para a garota.
Ela me ignorou e foi saindo, mas parou e perguntou:
- Isso foi comigo?
- É, foi.
- Você usa drogas? - E foi embora.
- Não tente se comunicar com seres inanimados. O própio nome já diz.
E foi embora também. É claro que levou um tempo para entender, afinal, eu não sabia como era ''inanimado'' em inglês. Eles deveriam ser mais sociais, serem mais educados.
De repente, senti falta dos meus amigos do Brasil. Lá, até que tinha grupo de amigos, mas, pelo menos, todos falavam com todos. E, também, pelo menos todo mundo sabia o nome da pessoa que está na mesa vizinha.
Até que consegui render um bom empenho no colégio. Mas digo que fiquei traumatizada com a sociedade daqui.
Mas tem certas coisas que a gente não pode mudar.
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