Diálogos

(Laís Moura)


- São suposições infundadas – Me disse certa vez alguém – E além disso incoerentes.

Não me recordo da origem dessa discussão, mas após 20 anos de tê-la escutado, esta nunca saiu da minha cabeça. Pisava na relva macia, pensando em frases soltas, que por falta de maturidade ou de impaciência nunca ousei dizer, enquanto o sol esquentava minha nuca.

Mesmo sendo inverno, estava quente – O que era bom, pois no verão era uma pequena amostra do inferno.

Pessoas faziam piqueniques, crianças escandalosas corriam uma atrás das outras (depois choravam por que foram picadas por formigas); Adolescentes melosos se beijavam, outros andavam de bicicleta com os amigos, outros simplesmente andavam; Velhinhos sentavam em rodas, contando suas experiências; Todos brevemente em paz.

Mas e eu?

Nunca gostei muito da filosofia. Questionadora demais. Mas em certos momentos cabíveis de melancolia, ela aposta corrida com suas convicções. Com quem você é.

Não, não estava triste – Apenas absorvia o ciclo da perfeição da natureza, sentindo a terra entre meus dedos sem me preocupar com futuras verminoses. Era uma forma de fugir da prisão do meu apartamento, da sociedade plurissignificativa. Fugir dos estereótipos, do cotidiano; Apenas parar para observá-lo.

Sorri ao pensar desse modo.

- Mariana, temos que ir. – Disse Roger andando em minha direção.

Infelizmente observar não significa não fazer parte do meio.

Me levantei e o acompanhei, me incluindo assim tão metodicamente na rotina pré estabelecida.