Por pouco

(Laís Moura)

Nada que seja anormal, se tratando de São Paulo.
Eu, minha mãe e minha irmã estávamos pegando o metrô de Ana Rosa, indo em direção ao Brigadeiro. Quando entramos, estava bastante vazio, banco de sobra. A minha frente estavam dois caras, que aproximavam ter uns 30 anos.
Minha mãe se levantou e ficou na frente da porta, se preparando para sair. Eu e Mariana íamos fazer o mesmo , quando os caras também se levantaram e ficaram um em cada diagonal da minha mãe.
Um piscou o olho, o outro assentiu.
" Estamos lenhadas" - Pensei.
Nem Mariana nem minha mãe se deram conta. As portas se abriram, e saímos. Andamos uns 10 metros quando olhei para atrás, e eles não estavam mais lá.
Ufa, alívio.
Andamos mais um pouco e pegamos a escada rolante. Olhei para trás e lá estavam eles novamente.
Prendi a respiração.
Paramos no sinal, que se fechou para os passageiros; os dois se encontravam na frente.
E, para meu desespero, minha mãe atende o celular e disse para sei lá quem para onde estava indo, na maior das alturas. Eles olharam para nós discretamente.
O sinal abriu. Atravessamos juntos, eu de olho na minha bolsa e nas duas.
Elas ainda não tinha se tocado.
Andamos mais um pouquinho, e eles de vez em quando olhavam na nossa direção, andando no mesmo ritmo.
O ar gelado e forte estava me sufocando. Não era paranóia minha, isso eu tinha certeza. Tava bastante claro.
Até que, no final das contas, o carro do amigo de minha mãe tão esperado parou ao nosso lado, e ele nos cumprimentou.
Eles se cutucaram e desistiram.
Foram embora, finalmente.



Baseado em fatos reais.